Certa vez anunciaram uma corrida inusitada na floresta. De um lado, o Pensamento: uma lebre Ɣgil e esperta; do outro, o Sentimento: uma tartaruga lenta e sƔbia.
O Pensamento entendia tudo rapidamente e sempre buscava ideias e resultados. JĆ” o Sentimento tinha um ritmo suave, quase distraĆdo, como quem canta uma bela melodia - mas sua presenƧa era notĆ”vel.
Enfim, chegou o aguardado dia; com ambos a postos, ouviu-se o tiro de largada.
O corpo volumoso da tartaruga iniciava seu primeiro passo, enquanto ao longe jĆ” se via o pensamento voando baixo, virando a esquina sob a poeira alta. Apesar disso, a tartaruga se deslocava tranquila, atenta apenas ao que fazia.
A vitĆ³ria parecia certa para a lebre ligeira, mas seu grande consumo de oxigĆŖnio do comeƧo teve um inesperado efeito: ela se cansou muito cedo. O frĆ”gil bichinho enfim parou para chupar o ar em desespero, sem conseguir boa inspiraĆ§Ć£o.
Longos minutos se passaram. A lebre continuava exaustaā¦ Foi entĆ£o que ela sentiu um lufo de ar lhe preencher o peito assim que avistou o sentimento chegar. AĆ entĆ£o o Pensamento entendeu: melhor que a competiĆ§Ć£o era a companhia.
Dali em diante, alcanƧar a chegada nĆ£o foi cansativo nem demorado - talvez porque elas conversaram ao longo da estrada.
- Igor Gadioli
Conversa prƔtica
Sabemos que muita emoĆ§Ć£o sem pensamento causa precipitaĆ§Ć£o; por outro lado, muita razĆ£o sem emoĆ§Ć£o leva Ć frieza.
VocĆŖ tem encontrado equilĆbrio entre esses dois? :)
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