“Um amigo me contou um incidente de sua infância que marcou muito o seu caráter.
Ele tinha cinco ou seis anos de idade quando, numa manhã de um dia de semana, o pastor veio visitar sua mãe. Seu pai estava fora, trabalhando na fazenda; as crianças mais velhas estavam na escola.
Sendo tímido, meu amigo John se escondeu embaixo da mesa, mas não inteiramente fora de vista, enquanto o pastor e sua mãe conversavam ali próximo.
Nenhum dos dois prestou atenção nele. Quando o pastor já tinha ido embora e John tinha saído debaixo da mesa, sua mãe afagou seu cabelo e, com um sorriso amigável, disse: ‘Você ficou tímido, Johnny?’
Johnny nunca havia esquecido desse incidente, bem como do sentimento maravilhoso de que estava tudo bem se ele fosse tímido, de que ele não tinha que se forçar a ser um rapazinho e esconder sua timidez do visitante.
Johnny teve sua identidade validada tanto por sua mãe como pelo visitante compreensivo. Eles tinham validado Johnny ao permiti-lo crescer e se tornar quem e o que ele deveria ser em seu próprio tempo, de sua própria forma, e no seu próprio ritmo.
Eu lembro de perguntar a John se ele se lembrava do efeito dessa visita em particular. ‘Definitivamente’, ele respondeu:
‘Eu lembro que aquilo me deu um senso de confiança em mim mesmo, um sentimento de que eu era uma pessoa normal. E eu tenho quase certeza de que aquela visita curou, ou pelo menos diminuiu imensamente, a minha timidez’.
Dica de Comunicação (e continuação do texto)
"Essa pode parecer uma resolução meio inesperada para aqueles de nós que achamos mais fácil imaginar outra versão da visita do pastor, algo como:
‘Johnny, saia debaixo da mesa e aperte a mão do pastor. Mostre a ele como você é um rapazinho. Vamos, Johnny, você não é mais bebezinho’.
Mas é precisamente o Johnny dessa segunda versão que não está sendo validado, e cujo desenvolvimento emocional será afetado de maneira adversa. (...)
Essa mãe afirma sua identidade ao demonstrar a Johnny que fica contente com ele tal como ele é – triste ou feliz – porque esse é Johnny. É precisamente (e exclusivamente) essa demonstração terna, quase não-verbal da bondade e amabilidade que está em perfeita sintonia com o nível de desenvolvimento dele (…).”
Born Only Once: the miracle of affirmation, por Conrad W. Baars (tradução nossa)