“O perdão é um gesto que reconhece a fraqueza, a falibilidade e o embaraço humano estrutural diante do Bem. A dureza moral nasce do orgulho - de novo, sempre o orgulho. Quando não perdoo estou dizendo que, em primeiro lugar, minha ofensa é mais importante do que tudo. Ao me ofender, ao me agredir, ao me trair, você atingiu meu eu. Ao seu pecado eu respondo com o meu. Há uma imensa vaidade moral nisto: eu não sou adúltero, eu sempre fui fiel, eu nunca traí, logo, não sou capaz de perdoar a sua traição. Em síntese: ao não perdoar sua falta, exerço a minha. (…) Perdoar é só reconhecer a humanidade do pecador, nunca é uma defesa do pecado.”
Leandro Karnal, “Pecar e perdoar” (p 137-142. Harper Collins, 2a ed.)
Reflexão
O perdão é um gesto nobre, mas pode ser insuficiente, particularmente no caso de ofensas graves em relações próximas; nesses casos, uma reparação se faz necessária. Quando mantemos o vínculo sem perdoar o outro, ou o perdoamos mas sua ofensa não é devidamente reparada, é comum sabotarmos a relação depois - conscientemente ou não.