Um rei, passando por uma pequena cidade, viu algo que acreditou ser as marcas de uma surpreendente pontaria. Nas árvores, nos celeiros e nas cercas havia uma série de alvos, cada um com um buraco de bala bem no centro.
Ele não acreditava no que via. Tratava-se de uma pontaria soberba, quase um milagre. O próprio rei era um bom atirador, e conhecera muitos bons atiradores na vida, mas jamais vira algo assim. Ele pediu para ser apresentado ao autor dos disparos.
— Isso é sensacional! Como você consegue? - o rei perguntou - Eu sou um bom atirador, mas nada se compara à sua arte e habilidade. Por favor, diga-me.
— É muito fácil - ele respondeu - eu atiro primeiro e desenho os círculos depois.
Osho, em "A música mais antiga do universo" (trechos)
Conversa na prática
(antigo “Dica de comunicação")*
Criar expectativas sobre alguém é como desenhar o círculo para quem vai atirar, mas sem avisar onde fica esse alvo.
Quando fazemos isso podemos nos decepcionar mais tarde, porque é difícil que alguém acerte os nossos ideais secretos… Isso pode exigir uma “surpreendente pontaria” ou “quase um milagre”.
Às vezes, é melhor esperar o outro atirar para então desenhar o círculo (flexibilidade); às vezes, é melhor mostrar o alvo de início (clareza), ao que o outro terá a liberdade de aceitá-lo ou não.
Essas duas práticas ajudam uma relação a funcionar - ou no mínimo, evitam decepções :)
*Escolhi mudar o nome dessa seção a partir desta edição da newsletter. Achei que ficou mais apropriado :)