"NO INÍCIO, ERA O CAOS. Nada havia de sólido ou fixo: as coisas não tinham, ainda, sua forma final. As sementes de todos os seres giravam. Não havia esquerda nem direita; os pontos cardeais estavam embaralhados.
No meio dessa intempérie primordial, algo inexplicável aconteceu: um pensamento. Uma simples ideia de ordem, nascida em meio à desolação. O pensamento cresceu, multiplicou-se, foi tomando forma, até se transformar em um espírito; era, ainda, um intelecto sem corpo.
Por lentas etapas, com a paciência de uma árvore, o novo ser foi criando a si mesmo. As plantas de seus pés ganharam firmeza. Seus braços emergiram do nevoeiro, como galhos. Então ele ergueu a cabeça, abriu os olhos. Seu coração começou a bater, e soltava raios de luz que espantavam as sombras.
O deus de coração luminoso chamava-se Nhanderuvuçu. Ele deixou vivo os ventos primordiais, mas guardou-os no alto do céu; cruzando duas estacas gigantes, escorou o firmamento e separou o caos da ordem. Criou outros deuses, delegando-lhes pedaços do cosmo, águas, relâmpagos, matas selvagens e animais. Mas algo fundamental ainda faltava: as coisas ainda não tinham nome. Até os deuses eram mudos. Nhanderuvuçu então criou Kayuá, o dom da palavra, e saiu dando nome a tudo. E só aí as coisas começaram a fazer sentido.
Por fim, Nhanderuvuçu apanhou um montão de folhagens da mata, um bocado de água, um pé de vento. Fez um casal de novos bichos e os deu de presente a Kayuá. E como eram peculiares aqueles bichos falantes! Não tinham plumas, nem couro grosso, nem garras. Nas longas noites do início dos tempos, os bichos humanos dormiam ouvindo o distante rugido do jaguar, lá dos fundos domínios de Curupira, e os trovões de Tupã balançando o céu. Mas não tinham medo da morte, pois sabiam que o dom da palavra os aproximava dos deuses."
Traduzido do guarani e adaptado de José Francisco Botelho
Conversa Prática
Na Linguística, aprendemos que é a palavra que recorta o pensamento, ainda sem forma, e assim o sentido é criado. É isso que Kayuá, o dom da palavra, fez: “deu nome a tudo e só então as coisas começaram a fazer sentido”. Quando sentimos alguma confusão mental ou emocional, é preciso processar aquilo ao ponto de podermos nomear o que se passa dentro de nós - essa conexão traz ordem e clareza à mente - e enfim, à conversa, também.
Conectar-se
Desenvolver essa relação entre sentimento e palavra (e posteriormente, entre sentimento e razão) é um dos pilares do nosso curso de comunicação. Você já está sabendo sobre ele? O Conectar-se, meu curso prático de comunicação, bem-estar e desenvolvimento pessoal abrirá inscrições pela primeira vez entre 01 a 14 de junho.
Eu o construí para quem deseja ganhar mais clareza sobre suas emoções e pensamentos, aprender a comunicar-se com mais assertividade e aprimorar seus relacionamentos na vida pessoal e profissional através de princípios da comunicação e autoconhecimento, práticas terapêuticas e exercícios de diálogo e linguagem.
Serão 4 módulos* em 24 aulas gravadas, além de 16 horas de encontros ao vivo pelo Zoom para exercícios terapêuticos, exercícios de comunicação assertiva e espaço para tira-dúvidas, que também ficará gravado. O dia e horário dos encontros será o que favorecer o maior número de pessoas possível.
*Os temas dos módulos serão: Diálogo interno (clareza mental e bem-estar), Resolução de conflitos (negociação e harmonia), Comunicação assertiva (necessidades e limites) e Estratégias para diálogos (estruturas e técnicas de linguagem)
O valor integral será 637 reais, mas haverá um cupom-desconto de 30% na lista de espera, ficando assim por 490 reais e podendo, inclusive, ser parcelado :)